Provavelmente, uma criança terá muito mais resfriados ou infecções das vias respiratórias superiores do que qualquer outra doença durante a infância. Nos primeiros dois anos de vida, a maioria das crianças pode ter entre oito e dez resfriados por ano. E se a criança está na creche, ou se houver outras crianças mais velhas, em idade escolar, na mesma casa, o número de resfriados pode aumentar ainda mais, pois as constipações se espalham facilmente entre as crianças que estão em contato próximo com outras.
“Essa é a má notícia que traz consigo uma boa notícia também: a maioria dos resfriados desaparece por si só, sem provocar danos ou doenças mais sérias. No entanto, mais da metade das crianças atendidas em função de um resfriado comum recebe a prescrição de antimicrobianos. A terapia antimicrobiana desnecessária pode ser evitada através do reconhecimento dos sinais e dos sintomas que são parte do curso habitual dos resfriados”, explica o pediatra Moises Chencinski.
Uma pesquisa da Universidade de Michigan divulgada recentemente confirma esta teoria e revela que mais de 40% dos pais dão aos seus filhos menores de idade medicamentos para a tosse e remédios para resfriados que eles não deveriam usar. Os pesquisadores norte-americanos alertam que os efeitos colaterais do uso de medicamentos para tosse e resfriado em crianças podem incluir reações alérgicas, aumento da frequência cardíaca, sonolência ou insônia, respiração lenta e superficial, confusão ou alucinações, convulsões, náusea e constipação.
Sinais e sintomas de um resfriado
Uma vez que o vírus está presente e se multiplicando, a criança pode desenvolver os seguintes sintomas: corrimento nasal (em primeiro lugar, um corrimento claro, mais tarde, um mais grosso); espirros; febre moderada, em particular à noite; diminuição do apetite; dor de garganta e, talvez, dificuldade para engolir; tosse; irritabilidade; e gânglios um pouco inchados.
“Se a criança tem um resfriado comum, sem complicações, os sintomas devem desaparecer gradualmente entre cinco/sete dias”, explica o médico.
Como os resfriados se espalham por aí…
Resfriados são causados por vírus, que são organismos infecciosos extremamente pequenos (muito menores do que as bactérias). Um espirro ou tosse pode transferir diretamente um vírus de uma pessoa para outra. O vírus também pode ser transmitido indiretamente, da seguinte maneira:
1) A criança ou adulto infectado com o vírus, ao tossir, espirrar ou tocar o nariz faz a transferência de algumas das partículas de vírus para sua mão;
2) Ela então toca a mão de uma pessoa saudável;
3) Esta pessoa saudável leva a mão recém-contaminada ao próprio nariz, introduzindo assim o agente infeccioso no lugar onde ele pode se multiplicar e crescer: o nariz ou a garganta. Logo depois, os sintomas do resfriado começam a se desenvolver;
4) Este ciclo repete-se seguidamente, com o vírus sendo transferido desta criança ou adulto recém-infectado para o próximo susceptível, e assim por diante.
O tratamento do resfriado
Uma criança mais velha com um resfriado geralmente não precisa ir ao médico, a menos que a condição se torne mais grave. “Mas, se ela é mais novinha, ao primeiro sinal da doença, o pediatra precisa ser consultado. Com um bebê, os sintomas podem ser enganosos e o que parece ser um simples resfriado pode ser o princípio de doenças mais graves que podem evoluir rapidamente, como a bronquiolite, otites ou pneumonia viral”, recomenda Chencinski.
É hora do médico entrar em ação
Você deve procurar um pediatra quando:
- As narinas estão se ampliando a cada respiração, a pele acima ou abaixo das costelas é sugada a cada respiração (retrações) ou se a criança está respirando rapidamente ou tendo qualquer dificuldade para respirar;
- Os lábios e as unhas ficarem azuis;
- O muco nasal persistir por mais de dez dias;
- A tosse simplesmente não vai embora (dura mais de uma semana);
- A criança tem dor de ouvido;
- A temperatura estiver acima de 37.7 graus Celsius;
- A criança apresenta-se excessivamente sonolenta ou irritadiça.
É importante destacar que medicamentos de venda livre (OTC) para tosse e resfriado não devem ser dados a bebês e crianças menores de dois anos de idade devido ao risco de efeitos colaterais potencialmente fatais, sem que um pediatra seja consultado antes. “Vários estudos mostram que medicamentos para resfriado e tosse não funcionam em crianças menores de seis anos e podem ter efeitos colaterais potencialmente graves. É preciso ter em mente que a tosse limpa o muco do trato respiratório, e normalmente, não há nenhuma razão para suprimi-la”, explica o pediatra.
Se a criança está tendo dificuldade para respirar ou ingerir líquidos por causa da congestão nasal, é recomendado limpar o nariz com soro fisiológico em gotas ou spray, que estão disponíveis para venda sem receita médica. “Nunca utilize gotas nasais que contenham qualquer medicamento, uma vez que quantidades excessivas podem ser absorvidas, trazendo efeitos colaterais indesejáveis importantes. Só use gotas nasais salinas normais recomendadas pelo pediatra”, alerta.
- Colocar um umidificador no quarto também pode ajudar a manter as secreções nasais mais fluidas, proporcionando maior conforto à criança, mas o aparelho deve ser desligado após, no máximo, duas horas de uso.
- Certifique-se de limpar e secar o umidificador completamente a cada uso para evitar a contaminação bacteriana ou mofo.
- Vaporizadores de água quente não são recomendados, pois podem causar queimaduras.
Prevenção dos resfriados
- Tente ao máximo manter o bebê longe das pessoas resfriadas;
- Se a criança já está com resfriado, é bom ensiná-la a tossir e espirrar longe dos outros, além de usar um lencinho para tossir e limpar o nariz com regularidade;
- Lavar as mãos regularmente durante o dia também irá reduzir a propagação dos vírus.
“E, por fim, é bom lembrar que criança doente deve ficar em casa para se proteger e também para não correr o risco de contaminar outras crianças”, lembra Chencinski.
Via: BlogdaSaúde
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