Indústria do tabaco investe cada vez mais em mulheres
Quem é a mulher do século 21? Independente, chefe de família, líder no mercado de trabalho e... alvo da indústria tabagista. Reflexo da mudança do papel da mulher na sociedade – e do aumento de seu poder aquisitivo – o crescimento do tabagismo feminino traz uma nova preocupação para a saúde pública. Ao ocupar o lugar tradicionalmente destinado ao homem, as mulheres passaram a assumir também alguns hábitos antes considerados masculinos. Começaram a beber mais, a fumar mais – e estão abandonando o tabagismo depois deles.
Estudos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA) apontam que, nos últimos 20 anos, a redução do tabagismo tem sido menor entre as mulheres do que entre os homens. Para intensificar as suas vendas, a indústria tabagista têm investido fortemente no público feminino: cigarros “light”, “slim” e com sabores adocicados são desenhados especialmente para elas. A intenção é associar esses produtos ao desejo universal das mulheres se sentirem mais atraentes e passar a falsa impressão de que eles são menos nocivos à saúde.
Segundo a Aliança de Controle do Tabagismo (ACTbr), em dados brutos, ainda há quatro vezes mais fumantes homens que mulheres em todo o mundo. Mas enquanto o índice de homens fumantes vem se estabilizando – e, em países como o Brasil, diminuindo – o índice de mulheres tabagistas segue aumentando – sobretudo em países em desenvolvimento e do leste, centro e sul da Europa.
Tabagismo: ameaça à saúde da mulher
O tabagismo feminino é uma ameaça direta à saúde e ao bem estar das mulheres. Além de todos os danos que pode causar à saúde de qualquer pessoa, o hábito de fumar traz implicações específicas – e bastante graves – para elas.
O uso do tabaco potencializa o risco de doenças crônicas não transmissíveis, como diversos tipos de câncer e problemas cardiovasculares e cerebrais, e de embolia pulmonar. Entre as mulheres, pode provocar complicações na gravidez e no parto. Um único cigarro é capaz de acelerar, em poucos minutos, os batimentos cardíacos do bebê – devido ao efeito da nicotina em seu aparelho cardiovascular.
A contracepção hormonal torna-se menos eficaz entre as fumantes e a combinação de cigarro e pílula anticoncepcional aumenta em dez vezes as chances de desenvolver tromboflebite, em comparação com as mulheres que usam o medicamento e não fumam. Para elas, o hábito de fumar também pode levar à menopausa precoce e à impotência sexual – problema geralmente associado aos homens.
A questão do tabagismo feminino é tão grave que já é reconhecida como um desafio global para a saúde pública no século 21. A Convenção Quadro para Controle do Tabaco – primeiro tratado internacional da área da saúde – chama atenção para a urgência em estabelecer medidas para o controle específico do tabaco junto às mulheres. E mais: recomenda a participação plena das mulheres em todos os níveis de controle do tabagismo. Portanto, mãos à obra: #limitetabaco.
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